domingo, 7 de fevereiro de 2010

DUAS ALMAS

Alceu Wamosy


 Duas almas
 
Ó tu que vens de longe, ó tu, que vens cansada,
Entra, e, sob este teto encontrarás carinho:
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,
Vives sozinha sempre, e nunca foste amada...

A neve anda a branquear, lividamente, a estrada,
E a minha alcova tem a tepidez de um ninho,
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
Se banhem no esplendor nascente da alvorada.

E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,
Essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,
Podes partir de novo, ó nômade formosa!

Já não serei tão só, nem irás tão sozinha.
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha...


 
 WAMOSY, Alceu. Poesia completa.
Alves Ed.: IEL: EDIPUCRS, 1994. p.143


imagem da web

Um comentário:

  1. Olá Marjana,

    Lindo Poema esse que elegeu para postar. Alceu Wamosy é sempre uma boa escolha.
    Grato por ter parado por algum tempo em meu espaço depois de andar pelo mundo.
    Bastante contente por sua visista e o doce coment que fixou com pralavras e sentires.

    forte abraço querida amiga

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